quarta-feira, 11 de junho de 2014

Está meio tedioso, como sempre. Eu não tenho muita coisa pra fazer. É claro que eu poderia estar arrumando a casa, mas é aquela falta de vontade e motivação. Tava jogando Solitaire, eu sou viciado nesse jogo. Joguei 193 partidas em cinco dias. Às vezes eu canso e vou jogar outra coisa, Campo Minado, Mahjong. Nunca termino o Campo Minado. O Mahjong, ganho uma partida sim, uma não. Joguei Paciência uma ou duas vezes desde que meu computador chegou, mas não tenho mais paciência pra ele, ficou chato. O Solitaire é que é legal, eu adoro. Tem um chamado FreeCell que é simplesmente demoníaco, eu ganhei duas vezes, não joguei mais. Esse jogo foi criado pelo tio Sat, só pode. Ainda tem o tal Copas, que é um saco, e o xadrez. Eu joguei xadrez bem, não jogo mais, meu cérebro mofou.
Daqui a pouco desligo o computador e vou pra cama. Aliás, tô indo pra cama com o computador. Preciso ir ao banheiro, minha intolerância à lactose tá fazendo efeito.
Passou. Intolerância à lactose é um saco. Começa pelas cólicas. Uma vez doeu tanto que eu fiquei jogado no chão sem conseguir me mexer. Parece que estão amarrando meus intestinos, é horrível. Depois vem a expulsão de 90% da água do seu corpo pelo reto. E em seguida aquele mau cheiro insuportável. É tanto muído que o ânus fica ardido. Essa é a parte menos pior. Ruim mesmo é que daqui a pouco as cólicas voltam, e você passa por todo processo de novo. Pelo Paparazzi! Chega uma hora que não da mais pra se limpar, você tem que se lavar. E você fica tendo calafrios, aquela sensação estranha no estômago. Uma vez inventei de tomar meio pote de sorvete sozinho. Passei a noite no vaso, me contorcendo. Tendo espasmos o tempo todo. Tanta contração, tanto esforço, que eu fiquei com toda musculatura retal, anal e abdominal dolorida. Eu poderia ter ganho um tanquinho  lindo, mas não, intolerância à lactose é só ônus. Mundo cão.
Tô ouvindo Cícero. Músicas perfeitas. Minha preferida é Eu Não Tenho Um Barco, Disse A Árvore. Tá tocando Açúcar ou Adoçante?. Essa eu mando pra algumas pessoas que eu conheço. “Mas se você quiser alguém pra mamar ainda, hoje não vai dar, não vou estar. Te indico alguém”. A música é épica. Eu me identifico com essas músicas excessivamente magoadas. Eu demoro um bocado pra perdoar as pessoas, eu sempre acho que se eu perdoar, a criatura vai fazer de novo, e não consigo me convencer do contrário. Tá tocando Pelo Interfone, outra altamente irônica. Cara, ele é très foda! Tô ouvindo música no computador com um fone da Nokia, o que faz com que o volume dos sons se inverta. A voz dele tá lá no fundo e o instrumental tá bem em cima. A música dele é tão etérea, eu gosto de música que parece que foi soprada da boca de um fumante. ARTPOP de Lady Gaga é assim. Eu viajo com essas músicas. Laiá Laiá tem umas distorções que acho que foram tiradas de um filme psicodélico. Quando ouço essa música o mundo também parece se distorcer. Eu nunca ouvi Cecília E Os Balões toda, essa música nunca me interessou muito, acho até bem chatinha. Mas a letra, como em todas as outras, é perfeita. O final dela me lembrou da música de abertura de A Favorita. Eu não lembro como é, mas devem ser parecidas.
Eu preciso de um banho. Faz um tempo que não tomo um. E tá tocando minha preferida do Cícero. Eu queria entrar no banho e dar um show daqueles que eu dava, mas não tenho mais inspiração pra isso. O banho também ficou chato. Tô com calor mas não vou ligar o ventilador, tô consumindo muita energia. Meu computador no carregador e a televisão ligada. Eu tô ouvindo música e a tv tá no mudo, tv desligada me incomoda, dá uma sensação de vazio. João E O Pé De Feijão, essa é a minha cara. E dá-lhe guitarra, Cícero Lins. Ensaio Sobre Ela é fofa, mas eu não vou ouvir. Tempo De Pipa é pra dançar loucamente pela sala. Um dia terei um som estéreo fodão e farei isso. Lembrei de Stereo Love agora, aquela do acordeom. O Panamericano também, acho que foi no mesmo ano. Eles cantavam “Pa-panamericano” e eu ouvia “Pa-para Lady Gaga”, e nem era tão fã dela ainda. Aquele tempo foi a segunda pior época da minha vida, mas também foi a melhor. Foi tão agridoce que eu não posso classificar.
Terminou Cícero, tô ouvindo o Ceremonials. É surreal, amo surrealismos, coisas que não são passíveis de existirem. Acho que vou dormir de novo. Vou ligar o ventilador, desligar o computador, fechar as janelas, tirar a cueca e morrer em cima da cama.
Pra quem não entendeu, tio Sat = Satã.


Hiperboloide
05/05/2014, 15:17

quarta-feira, 4 de junho de 2014

E
u tentei digitar meus novos poemas. Desisti quando digitei o título do segundo. Aí vim escrever sobre isso, minha mania de desistência. Eu não desisto por fraqueza, ou por preguiça. É pelo fato de que as coisas vão perdendo o gosto que têm. Algo que era estupendo vira um imenso pé no saco. Maçante. Irritante. E se você me obrigar a fazer vai ser um suplício, chega a ser sofrido fazer algo pelo qual eu não estou imensamente interessado. Eu me pergunto se as outras pessoas são assim. Acho que não. Pessoas normais conseguem fazer coisas que elas não gostam. Como trabalhar, ou lavar pratos, ou viver. Eu sempre preciso de algo inteiramente novo para fazer. Acho que esse blog não vai durar muito, me admira eu estar na 4ª postagem!

Toda essa perda de interesse pelas coisas, além de uma série de outros sintomas, me faz acreditar que eu tenho T.D.A.H. (transtorno de dèficit de atenção e hiperatividade). Fiz um eletroencefalograma à 16/04. Tive que cortar o cabelo pra fazer a droga do exame. Como gosto que ele cresça por igual, raspei no 2. Fiquei imensamente deprimido, amo meu cabelo, ele é preto, cacheado e divo, não posso viver sem ele. A primeira semana pós-corte eu passei alisando os tocos dos meus fios de cabelo. Aí parei. Agora ele tá um pouco maior. Eu vi na televisão que o cabelo cresce pelo menos 1cm por mês. Meu cabelo não parece 1cm maior. Acho que vou cortar os pulsos.

Eu pedi que a cabelereira não mexesse na minha barba. Ela é fininha e incompleta, mas eu gosto dela. Tenho pelos em quase toda extensão do maxilar, exceto por duas áreas de pelo menos 1cm – esse 1cm bomba na balada, viu – de comprimento nas laterais do queixo. Ainda tenho duas ilhotas de pelos nas bochechas e algo próximo de um buço onde deveria estar meu bigode. O conjunto da barba com a cabeça raspada ficou muito legal, na minha opinião. Eu me sinto diferente. Não sei, acho que eu cresci. Ou os meus últimos eventos psicológicos me mudaram. Certo, foram as duas coisas. Eu só percebo as mudanças quando elas ficam gritantes demais para não serem percebidas. E as coisas tinham obrigatoriamente que mudar depois desse último perrengue.

Eu não vou falar sobre o que me aconteceu, não gosto de tocar no assunto. Sabe, antes eu tinha uma necessidade infinita de ser compreendido e de ser ouvido. Agora eu não tenho. Eu não ligo mais pro que meus amigos pensam, e talvez isso seja ruim. Acho que não me importo muito mais com eles. Por coincidência, meus créditos acabaram no dia do meu exame, o que me deixou sem internet. Como sou uma pessoa inteiramente lisa, não pus mais créditos. Então estou há 19 dias sem contato com o mundo externo. Eu tenho poucos amigos no bairro e não tenho o mínimo gosto por saídas. Às vezes, vou comprar sorvete na sorveteria em frente á minha casa. Eu vou, compro e volto. Eu fico suavemente deprimido enquanto tomo o sorvete. Sei lá, talvez seja nostalgia. Uma amiga minha de vez em quando vinha aqui em casa, de noite. Nós saíamos, comprávamos um sorvete – quando se tinha dinheiro – e íamos pra praça aqui do bairro jogar conversa no lixo. Era divertido, mas ela parou de vir. Acho que ela cansou de mim. Eu decidi não sentir falta disso, pelo menos não conscientemente. Faz 19 dias que não contato um amigo. As únicas pessoas conhecidas que vejo com frequência são meu irmão e minha mãe. Com minha mãe eu não converso, criou-se um vácuo entre nós, eu não entendo por que. Mas não gosto de transpô-lo. Eu sou distante de toda minha família, não sei o motivo. Meus irmãos não gostam de mim, eles só observam meus defeitos. E eu acho que tenho uma certa dificuldade de lhes mostrar minhas qualidades. Todos somos culpados. Eu gosto de atormentar meu irmão quando ele está em casa. Quando ele não está, eu fico só e inerte. Assisto televisão, deitado. Ora me levanto e vou deitar na rede e volto pra cama segundos depois, ora vou na cozinha, vejo que não tem nada de útil e volto pra cama.

Eu me masturbo todas as manhãs, depois de me levantar. Quando acordo, volto a dormir de novo. Acordo e volto a dormir de novo. Eu só levanto quando vejo que não vou mais conseguir dormir. Eu fui sempre assim. Quando acordo, eu tenho fantasias, aproveitando a ereção matinal. Aí adormeço e fico nesse ciclo. Quando finalmente levanto, vou olhar se meu irmão está em casa, e em seguida vou pro banheiro. Eu gosto de me masturbar com hidratante, é o que menos incomoda depois que eu termino. Sabonete queima muito dentro da uretra, xampu também. Condicionadores e cremes pra pentear deixam o pênis ardido. Os hidratantes causam uma ardência menor, parecida com a daqueles géis/óleos de massagem feitos à base de ervas, que são vendidos de porta em porta. Mainha comprou um hidratante que não deixa sensação nenhuma no pênis, e eu adoro. Eu não me masturbo por prazer. Eu não sinto isso. Tem aquela sensaçãozinha boa do toque no falo, mas não é nada de mais. Raríssimas vezes eu cheguei a ter vontade de gemer. Teve aquelas vezes em que eu senti algo mais intenso, mas sempre próximo ao ejaculo. Nunca tive um orgasmo, até porque, pra isso, eu teria que fazer todo um processo de toque e auto-estimulação, só que eu não tenho paciência pra isso. Às vezes quando ficava só em casa, me masturbava analmente – fiz isso quatro vezes –, e aí sim, tinha prazer realmente, e quando gozava, tinha algo próximo do orgasmo. Mas eu precisava estar inspirado pra me masturbar assim, e da última vez que fiz, não foi como das últimas vezes. Foi seco e vazio como minhas masturbações penianas. Acho que vou demorar bastante a fazer de novo. Eu não tenho realmente uma razão pra masturbação. Ela tem uma utilidade magnífica, evitar as poluções noturnas, que devem ser a segunda pior coisa na vida de um homem, só perdendo pra ereção, que pode matar alguém de vergonha. Matar no sentindo literal da palavra. Eu me masturbo por desejo. É algo que eu posso controlar, mas eu não vejo motivo, eu não tenho vontade.

Eu adorava ouvir música, principalmente Lady Gaga, ela me inspira muito. Eu sempre crio clips na minha cabeça quando ouço música. Eu gosto da música quando ela me inspira e eu consigo imaginar algo pra ela. Músicas de Lady Gaga me inspiram infinitamente. Eu tenho quase todos os álbuns, do ARTPOP ainda faltam as músicas Do What You Want, Fashion!, Manicure e Jewels And Drugs. Eu realmente criava bastante, mas de uns tempos pra cá eu venho enjoando, perdeu o gosto. Está tudo perdendo o gosto, mas eu não me importo mais. Eu cansei de tudo, de todo mundo, de todas as coisas. Eu nem sei por que tô escrevendo. Sei lá, me vêm inspirações divinas e eu escrevo. E parece que a inspiração de hoje veio com bônus, nunca escrevi tanto.

Uma coisa que adorava fazer era ler e escrever fanfics, principalmente de Naruto, mas isso também perdeu o gosto. Eu nunca consegui terminar uma fanfic de vários capítulos. Eu escrevi uma oneshot e publiquei num site de animes e mangás. Comecei uma segunda, mas eu desisti. Um tempo depois, decidi escrever uma fanfic inspirada no Ceremonials, de Florence + The Machine. Mas desisti da ideia. Eu queria contar uma única estória na fic inteira, e basear os acontecimentos de cada capítulo nas músicas. Mas a complexidade disso me fez desistir. Então decidi escrever uma série de oneshots baseadas nas músicas, escrevi a de Never Let Me Go, e não consegui escrever mais nada. Aí eu deixei pra lá. Mês passado eu li umas curiosidades sobre Harry Potter e fui pesquisar mais curiosidades e depois fanfics e resolvi escrever a minha própria, satirizando o meu azar infinito. Escrevi quatro páginas no caderno. Aí tanto a inspiração quanto o interesse se foram e eu parei. Tava cheio de ideias pra ela, eu sempro fico cheio delas. Mas eu perco a inspiração antes de concluir. É por isso que eu desisiti de começar coisas, eu nunca consigo terminar. Escrever esse blog foi uma ideia idiota, eu não devia ter começado. Mas deu vontade de escrever, eu escrevi. Sou assim, passional. Mas só quando posso ser. Quando não posso, sou 100% bom senso e pé no chão. Eu sou um pisciano num mundo em que é necessário ser realista, eu preciso separar o que tem que ser mundo de fora, o que é mundo de dentro, e os pontos em que eu posso misturar os dois. Misturar os dois mundos... acho que nunca fiz isso. Como se mistura o mundo real com o seu mundo interior? Acho que é quando você sonha e a coisa acontece como você sonhou. Acho que isso nunca me aconteceu. E se aconteceu, eu esqueci, eu sempre esqueço. As minhas memórias não ficam na minha cabeça, e meus eventos psicológicos tem o péssimo hábito de intensificar esse processo. Meu cérebro é um lixo, ainda mais agora que ele mofou. Lixo.

Peguei o hábito de dizer “lixo”. É uma mania que eu tenho, ter manias. A outra mania é de roer as unhas das mãos, que eu tô tentando parar, com algum sucesso. Também tenho mania de cortar as unhas dos pés, mas só tem graça quando eu consigo arrancar a unha do cantinho e ferir. Só tem graça quando sangra, e eu arranco a unha lentamente, pra poder saborear a dor. Depois incha e fica dolorido, é um pouco irritante, mas eu gosto que fique dolorido, e que me irrite. Masoquista. De vez em quando, o ferimento infecciona, e cria-se uma bolha. Eu espero ansioso que ela seque pra poder descascá-la. Eu puxo a pele morta ao invés de cortar, o que termina criando pequenos sangramentos. Esses são irritantes, mas eles doem e irritam de um jeito que eu não gosto. Eu acho que esse hábito com as unhas não conta como automutilação, conta? Eu gosto de tirar cutículas também, mas só consigo tirar a cutícula do polegar esquerdo, o que deixou a unha diferente de todas as outras. Mas todas as minhas unhas são estranhas. Têm listras escuras, formatos desiguais, cheiros esquisitos, mesmo depois que lavo as mãos. Meus dedões me irritam porque não consigo arrancar os cantos direito, sempre fica uma pontinha lá dentro, aí eu tenho que puxar periodicamente pras pontinhas não encravarem. Elas [as pontinhas] ficam pretas, talvez por causa do sangue coagulado, sei lá, mas é muito esquisito. Também ficam pontinhos pretos lá no cantinho, onde eu tenho que puxar a pele ao redor pra poder ver. Minhas unhas crescem desiguais, porque eu as corto no sabugo, pra não me sentir tentado a roer. Minhas unhas crescem em curvas estranhas, mas eu acho as dos anelares tão bonitas. Na lateral esquerda da unha do meu polegar esquerdo tem uma protuberância. Ali a unha cresce mais alta. Eu raspo com uma tesoura ou com os dentes pra igualar. Fica um cheiro de unha queimada quando raspo uma unha. Vocês já sentiram cheiro de unha queimada? Vocês já tiveram a curiosidade de queimar uma unha? Ela queima, igual plástico. Minha vó usa casco de boi ralado e torrado não lembro pra quê, mas ela usa. Minha tia pisava –no pilão – cascas de ovo e colocava no mingau do filho. Será que não havia cálcio suficiente no leite e na farinha láctea? Eu lembrei do casco de boi porque tinha o mesmo cheiro da unha queimada. E da casca de ovo no mingau porque o pote ficava ao lado do do casco de boi. Minha mente é assim, eu sempre tô pensando uma pá de coisas ao mesmo tempo. Os pensamentos das pessoas normais são como uma cesta de frutas sortidas, está tudo lá, e você consegue divisar qual fruta é qual. Na minha cabeça, as frutas foram batidas todas juntas no liquidificador. Está tudo lá ao mesmo tempo, pra separar é um suplício.

Eu acabei de ir no banheiro. Eu tava me segurando, porque fiquei com medo de ir e perder a inspiração pra escrever, mas não foi o que aconteceu. Me lembrei de um dia que fui ao banheiro pelo menos quinze vezes em meia-hora. Acho que tenho problemas urinários. Culpa minha, morro de preguiça de ir ao banheiro e fico segurando. É algo que me dá ódio, acordar com vontade de ir ao banheiro. Eu queria continuar dormindo. Eu gosto de dormir, gente que dorme não pensa. Mas eu detesto sonhar, meus sonhos me assustam, não sei por que. Eu dei pra sonhar com todas as pessoas que eu conhecia. Cada dia uma pessoa diferente. Eu sonhei com uma pessoa sete dias seguidos. E isso me assusta por dois motivos: eu não sonho com frequência e eu raramente sonho com pessoas conhecidas. Eu passei alguns meses sonhando todos os dias com gente que eu conhecia, e isso me deixava muito assustado. Parei de sonhar. Eu consegui entender o significado de alguns dos meus sonhos, e eu até decifrei o sonho de uma amiga. Você pode dizer que eu tenho poderes paranormais ou que eu tenho talento pra metáforas, tanto faz. Mas talvez eu tenha parte com médiuns, eu via espíritos quando era criança. Era um menininho, eu morria de medo. Eu ouvi vozes uma vez. E vi luzes no telhado sem explicação plausível. Mas eu não acredito mais nessas coisas. Eu virei ateu e completo cético, perdi a vontade de acreditar em algo. Eu achava legal estudar astrologia, não acreditava realmente – já acreditei mais – mas achava interessante. Tanto que aprendi a calcular mapas astrais. Eu acho interessante ainda, e gosto de fazer sátiras aos estereótipos dos signos, é divertido.

Eu já li sobre alguns temas esotéricos. Quer saber uma coisa curiosa? O contrário de esotérico, é exotérico, e se pronuncia do mesmo jeito. Eu esqueci as definições de cada um, mas parece que exoterismo se refere a algo mais científico. Eu já li um pouco sobre tarô, I Ching, e algum outro tema que não lembro. Eu gosto da carta d’O Diabo. Nela se representa o Diabo por um fauno. Eu adoro faunos, eu queria ser um. Minha carta preferida do tarô é a da morte. Eu gosto da carta porque ela é incompreendida, ela significa mudanças radicais, e não a morte em si. A visão humana da morte é algo que não faz sentido, fazemos de tudo pra evitá-la, quando ela é inteiramente inevitável. É um destino, é a única coisa de que temos certeza, deveríamos vê-la melhor. Como os mexicanos, que a têm como uma santa. O I Ching eu conheci na SuperInteressante. Aí pesquisei mais. Eu não tenho um hexagrama preferido, mas eu gosto do trigrama do fogo, uma linha inteira no meio de duas partidas. Ele me atrai, sem explicação. Então um hexagrama legal seria o de dois trigramas do fogo.

Tô ficando apertado de novo. Eu queria muito ser um fauno. Sério. Faunos são lindos, e o Pan é foda. Acho que eu poderia passar a eternidade fazendo sexo com hordas de ninfas numa floresta, se pudesse ter chifrinhos na testa, um flauta de bambu e ser um bode da cintura pra baixo. Não tem um deus mais legal que ele na mitologia grega. Não sei a razão de gostar tanto de faunos. Mas eu os adoro. Eu queria muito ser um. Assustar viajantes à noite, sair por aí, cuidando da Natureza. Além das festas de Baco: vinho e orgias. Eu beberia o vinho puro, sem água. Cansei de ser lúcido. Preciso de uma fase bêbada.

Eu queria escrever um poema bêbado, ou drogado. Eu tenho curiosidade de usar maconha e L.S.D. Principalmente este último. Acho que eu usaria qualquer alucinógeno, é um tipo de droga por que eu me atraio. Eu me atraio pelo onirismo, pela viajem, pela ilusão. Vênus e Netuno devem estar profundamente conectados no meu mapa, eu acho. Eu gosto de sonhar acordado, de inventar situações e ficções e miríades de estórias e contos. Eu sonho que sou pessoas que não sou, e que sou pessoas que não são eu. E com os reflexos dos meus eus. Existem dezenas de eus aqui dentro se degladiando, às vezes fica insuportável. Eu invento mitologias, criaturas, demônios, amantes. Mas fica tudo dentro da minha cabeça, nada sai de lá. Eu só uso uma droga: música. Mas ela está perdendo o efeito. Uma coisa a menos pra ter necessidade, e isso é bom.

Eu falei dos meus poemas? Eles falam sobre meus sentimentos, certezas e incertezas. Não consigo me expressar direito, metáforas são mais úteis quando quero falar algo, então lá vai poema. Gosto de arte. Gosto da metáfora. De dizer sem dizer diretamente. Mas só literariamente, na vida real é bom ser direto, e dizer as coisas na lata e ponto. Sem rodeios, sem mentiras, sem coisas ditas pela metade. É bom ser sincero, é algo que eu sou mais que qualquer outra coisa. Ou fui, não sei mais. Meus poemas não têm mais falado sobre muita coisa, eu não tenho estado muito inspirado. Mas também não é problema. Poemas são coisas esporádicas e aleatórias. Eles vêm hoje, aparecem de novo daqui a meses, ou segundos. Voláteis. Mas eles vêm. É bom esperá-los.

Já são 04:11 da manhã. Acho que vou dormir, tô exausto. Que texto mais enormoso! Será que alguém vai ter paciência de ler tudo isso? Acho que eu mesmo não teria.


Hiperboloide
05/05/2014, 04:11