u tentei
digitar meus novos poemas. Desisti quando digitei o título do segundo. Aí vim
escrever sobre isso, minha mania de desistência. Eu não desisto por fraqueza,
ou por preguiça. É pelo fato de que as coisas vão perdendo o gosto que têm.
Algo que era estupendo vira um imenso pé no saco. Maçante. Irritante. E se você
me obrigar a fazer vai ser um suplício, chega a ser sofrido fazer algo pelo
qual eu não estou imensamente interessado. Eu me pergunto se as outras pessoas
são assim. Acho que não. Pessoas normais conseguem fazer coisas que elas não
gostam. Como trabalhar, ou lavar pratos, ou viver. Eu sempre preciso de algo
inteiramente novo para fazer. Acho que esse blog não vai durar muito, me admira
eu estar na 4ª postagem!
Toda essa perda de interesse pelas coisas, além de uma
série de outros sintomas, me faz acreditar que eu tenho T.D.A.H. (transtorno de
dèficit de atenção e hiperatividade). Fiz um eletroencefalograma à 16/04. Tive
que cortar o cabelo pra fazer a droga do exame. Como gosto que ele cresça por
igual, raspei no 2. Fiquei imensamente deprimido, amo meu cabelo, ele é preto,
cacheado e divo, não posso viver sem ele. A primeira semana pós-corte eu passei
alisando os tocos dos meus fios de cabelo. Aí parei. Agora ele tá um pouco
maior. Eu vi na televisão que o cabelo cresce pelo menos 1cm por mês. Meu
cabelo não parece 1cm maior. Acho que vou cortar os pulsos.
Eu pedi que a cabelereira não mexesse na minha barba. Ela é
fininha e incompleta, mas eu gosto dela. Tenho pelos em quase toda extensão do
maxilar, exceto por duas áreas de pelo menos 1cm – esse 1cm bomba na balada,
viu – de comprimento nas laterais do queixo. Ainda tenho duas ilhotas de pelos
nas bochechas e algo próximo de um buço onde deveria estar meu bigode. O
conjunto da barba com a cabeça raspada ficou muito legal, na minha opinião. Eu
me sinto diferente. Não sei, acho que eu cresci. Ou os meus últimos eventos
psicológicos me mudaram. Certo, foram as duas coisas. Eu só percebo as mudanças
quando elas ficam gritantes demais para não serem percebidas. E as coisas
tinham obrigatoriamente que mudar depois desse último perrengue.
Eu não vou falar sobre o que me aconteceu, não gosto de
tocar no assunto. Sabe, antes eu tinha uma necessidade infinita de ser
compreendido e de ser ouvido. Agora eu não tenho. Eu não ligo mais pro que meus
amigos pensam, e talvez isso seja ruim. Acho que não me importo muito mais com
eles. Por coincidência, meus créditos acabaram no dia do meu exame, o que me
deixou sem internet. Como sou uma pessoa inteiramente lisa, não pus mais
créditos. Então estou há 19 dias sem contato com o mundo externo. Eu tenho
poucos amigos no bairro e não tenho o mínimo gosto por saídas. Às vezes, vou
comprar sorvete na sorveteria em frente á minha casa. Eu vou, compro e volto.
Eu fico suavemente deprimido enquanto tomo o sorvete. Sei lá, talvez seja
nostalgia. Uma amiga minha de vez em quando vinha aqui em casa, de noite. Nós
saíamos, comprávamos um sorvete – quando se tinha dinheiro – e íamos pra praça
aqui do bairro jogar conversa no lixo. Era divertido, mas ela parou de vir.
Acho que ela cansou de mim. Eu decidi não sentir falta disso, pelo menos não
conscientemente. Faz 19 dias que não contato um amigo. As únicas pessoas
conhecidas que vejo com frequência são meu irmão e minha mãe. Com minha mãe eu
não converso, criou-se um vácuo entre nós, eu não entendo por que. Mas não
gosto de transpô-lo. Eu sou distante de toda minha família, não sei o motivo.
Meus irmãos não gostam de mim, eles só observam meus defeitos. E eu acho que
tenho uma certa dificuldade de lhes mostrar minhas qualidades. Todos somos
culpados. Eu gosto de atormentar meu irmão quando ele está em casa. Quando ele
não está, eu fico só e inerte. Assisto televisão, deitado. Ora me levanto e vou
deitar na rede e volto pra cama segundos depois, ora vou na cozinha, vejo que
não tem nada de útil e volto pra cama.
Eu me masturbo todas as manhãs, depois de me levantar.
Quando acordo, volto a dormir de novo. Acordo e volto a dormir de novo. Eu só
levanto quando vejo que não vou mais conseguir dormir. Eu fui sempre assim.
Quando acordo, eu tenho fantasias, aproveitando a ereção matinal. Aí adormeço e
fico nesse ciclo. Quando finalmente levanto, vou olhar se meu irmão está em
casa, e em seguida vou pro banheiro. Eu gosto de me masturbar com hidratante, é
o que menos incomoda depois que eu termino. Sabonete queima muito dentro da
uretra, xampu também. Condicionadores e cremes pra pentear deixam o pênis
ardido. Os hidratantes causam uma ardência menor, parecida com a daqueles
géis/óleos de massagem feitos à base de ervas, que são vendidos de porta em
porta. Mainha comprou um hidratante que não deixa sensação nenhuma no pênis, e
eu adoro. Eu não me masturbo por prazer. Eu não sinto isso. Tem aquela
sensaçãozinha boa do toque no falo, mas não é nada de mais. Raríssimas vezes eu
cheguei a ter vontade de gemer. Teve aquelas vezes em que eu senti algo mais
intenso, mas sempre próximo ao ejaculo. Nunca tive um orgasmo, até porque, pra
isso, eu teria que fazer todo um processo de toque e auto-estimulação, só que
eu não tenho paciência pra isso. Às vezes quando ficava só em casa, me
masturbava analmente – fiz isso quatro vezes –, e aí sim, tinha prazer
realmente, e quando gozava, tinha algo próximo do orgasmo. Mas eu precisava
estar inspirado pra me masturbar assim, e da última vez que fiz, não foi como
das últimas vezes. Foi seco e vazio como minhas masturbações penianas. Acho que
vou demorar bastante a fazer de novo. Eu não tenho realmente uma razão pra
masturbação. Ela tem uma utilidade magnífica, evitar as poluções noturnas, que
devem ser a segunda pior coisa na vida de um homem, só perdendo pra ereção, que
pode matar alguém de vergonha. Matar no sentindo literal da palavra. Eu me
masturbo por desejo. É algo que eu posso controlar, mas eu não vejo motivo, eu
não tenho vontade.
Eu adorava ouvir música, principalmente Lady Gaga, ela me
inspira muito. Eu sempre crio clips na minha cabeça quando ouço música. Eu
gosto da música quando ela me inspira e eu consigo imaginar algo pra ela.
Músicas de Lady Gaga me inspiram infinitamente. Eu tenho quase todos os álbuns,
do ARTPOP ainda faltam as músicas Do What You Want, Fashion!, Manicure e Jewels
And Drugs. Eu realmente criava bastante, mas de uns tempos pra cá eu venho enjoando,
perdeu o gosto. Está tudo perdendo o gosto, mas eu não me importo mais. Eu
cansei de tudo, de todo mundo, de todas as coisas. Eu nem sei por que tô
escrevendo. Sei lá, me vêm inspirações divinas e eu escrevo. E parece que a
inspiração de hoje veio com bônus, nunca escrevi tanto.
Uma coisa que adorava fazer era ler e escrever fanfics,
principalmente de Naruto, mas isso também perdeu o gosto. Eu nunca consegui
terminar uma fanfic de vários capítulos. Eu escrevi uma oneshot e publiquei num
site de animes e mangás. Comecei uma segunda, mas eu desisti. Um tempo depois,
decidi escrever uma fanfic inspirada no Ceremonials, de Florence + The Machine.
Mas desisti da ideia. Eu queria contar uma única estória na fic inteira, e
basear os acontecimentos de cada capítulo nas músicas. Mas a complexidade disso
me fez desistir. Então decidi escrever uma série de oneshots baseadas nas
músicas, escrevi a de Never Let Me Go, e não consegui escrever mais nada. Aí eu
deixei pra lá. Mês passado eu li umas curiosidades sobre Harry Potter e fui
pesquisar mais curiosidades e depois fanfics e resolvi escrever a minha
própria, satirizando o meu azar infinito. Escrevi quatro páginas no caderno. Aí
tanto a inspiração quanto o interesse se foram e eu parei. Tava cheio de ideias
pra ela, eu sempro fico cheio delas. Mas eu perco a inspiração antes de
concluir. É por isso que eu desisiti de começar coisas, eu nunca consigo
terminar. Escrever esse blog foi uma ideia idiota, eu não devia ter começado.
Mas deu vontade de escrever, eu escrevi. Sou assim, passional. Mas só quando
posso ser. Quando não posso, sou 100% bom senso e pé no chão. Eu sou um
pisciano num mundo em que é necessário ser realista, eu preciso separar o que
tem que ser mundo de fora, o que é mundo de dentro, e os pontos em que eu posso
misturar os dois. Misturar os dois mundos... acho que nunca fiz isso. Como se
mistura o mundo real com o seu mundo interior? Acho que é quando você sonha e a
coisa acontece como você sonhou. Acho que isso nunca me aconteceu. E se
aconteceu, eu esqueci, eu sempre esqueço. As minhas memórias não ficam na minha
cabeça, e meus eventos psicológicos tem o péssimo hábito de intensificar esse
processo. Meu cérebro é um lixo, ainda mais agora que ele mofou. Lixo.
Peguei o hábito de dizer “lixo”. É uma mania que eu tenho,
ter manias. A outra mania é de roer as unhas das mãos, que eu tô tentando
parar, com algum sucesso. Também tenho mania de cortar as unhas dos pés, mas só
tem graça quando eu consigo arrancar a unha do cantinho e ferir. Só tem graça
quando sangra, e eu arranco a unha lentamente, pra poder saborear a dor. Depois
incha e fica dolorido, é um pouco irritante, mas eu gosto que fique dolorido, e
que me irrite. Masoquista. De vez em quando, o ferimento infecciona, e cria-se
uma bolha. Eu espero ansioso que ela seque pra poder descascá-la. Eu puxo a
pele morta ao invés de cortar, o que termina criando pequenos sangramentos.
Esses são irritantes, mas eles doem e irritam de um jeito que eu não gosto. Eu
acho que esse hábito com as unhas não conta como automutilação, conta? Eu gosto
de tirar cutículas também, mas só consigo tirar a cutícula do polegar esquerdo,
o que deixou a unha diferente de todas as outras. Mas todas as minhas unhas são
estranhas. Têm listras escuras, formatos desiguais, cheiros esquisitos, mesmo
depois que lavo as mãos. Meus dedões me irritam porque não consigo arrancar os
cantos direito, sempre fica uma pontinha lá dentro, aí eu tenho que puxar
periodicamente pras pontinhas não encravarem. Elas [as pontinhas] ficam pretas,
talvez por causa do sangue coagulado, sei lá, mas é muito esquisito. Também
ficam pontinhos pretos lá no cantinho, onde eu tenho que puxar a pele ao redor
pra poder ver. Minhas unhas crescem desiguais, porque eu as corto no sabugo,
pra não me sentir tentado a roer. Minhas unhas crescem em curvas estranhas, mas
eu acho as dos anelares tão bonitas. Na lateral esquerda da unha do meu polegar
esquerdo tem uma protuberância. Ali a unha cresce mais alta. Eu raspo com uma
tesoura ou com os dentes pra igualar. Fica um cheiro de unha queimada quando
raspo uma unha. Vocês já sentiram cheiro de unha queimada? Vocês já tiveram a
curiosidade de queimar uma unha? Ela queima, igual plástico. Minha vó usa casco
de boi ralado e torrado não lembro pra quê, mas ela usa. Minha tia pisava –no
pilão – cascas de ovo e colocava no mingau do filho. Será que não havia cálcio
suficiente no leite e na farinha láctea? Eu lembrei do casco de boi porque
tinha o mesmo cheiro da unha queimada. E da casca de ovo no mingau porque o
pote ficava ao lado do do casco de boi. Minha mente é assim, eu sempre tô
pensando uma pá de coisas ao mesmo tempo. Os pensamentos das pessoas normais
são como uma cesta de frutas sortidas, está tudo lá, e você consegue divisar
qual fruta é qual. Na minha cabeça, as frutas foram batidas todas juntas no
liquidificador. Está tudo lá ao mesmo tempo, pra separar é um suplício.
Eu acabei de ir no banheiro. Eu tava me segurando, porque
fiquei com medo de ir e perder a inspiração pra escrever, mas não foi o que
aconteceu. Me lembrei de um dia que fui ao banheiro pelo menos quinze vezes em
meia-hora. Acho que tenho problemas urinários. Culpa minha, morro de preguiça
de ir ao banheiro e fico segurando. É algo que me dá ódio, acordar com vontade
de ir ao banheiro. Eu queria continuar dormindo. Eu gosto de dormir, gente que
dorme não pensa. Mas eu detesto sonhar, meus sonhos me assustam, não sei por
que. Eu dei pra sonhar com todas as pessoas que eu conhecia. Cada dia uma
pessoa diferente. Eu sonhei com uma pessoa sete dias seguidos. E isso me
assusta por dois motivos: eu não sonho com frequência e eu raramente sonho com
pessoas conhecidas. Eu passei alguns meses sonhando todos os dias com gente que
eu conhecia, e isso me deixava muito assustado. Parei de sonhar. Eu consegui
entender o significado de alguns dos meus sonhos, e eu até decifrei o sonho de
uma amiga. Você pode dizer que eu tenho poderes paranormais ou que eu tenho
talento pra metáforas, tanto faz. Mas talvez eu tenha parte com médiuns, eu via
espíritos quando era criança. Era um menininho, eu morria de medo. Eu ouvi
vozes uma vez. E vi luzes no telhado sem explicação plausível. Mas eu não
acredito mais nessas coisas. Eu virei ateu e completo cético, perdi a vontade
de acreditar em algo. Eu achava legal estudar astrologia, não acreditava
realmente – já acreditei mais – mas achava interessante. Tanto que aprendi a
calcular mapas astrais. Eu acho interessante ainda, e gosto de fazer sátiras
aos estereótipos dos signos, é divertido.
Eu já li sobre alguns temas esotéricos. Quer saber uma
coisa curiosa? O contrário de esotérico, é exotérico, e se pronuncia do mesmo
jeito. Eu esqueci as definições de cada um, mas parece que exoterismo se refere
a algo mais científico. Eu já li um pouco sobre tarô, I Ching, e algum outro
tema que não lembro. Eu gosto da carta d’O Diabo. Nela se representa o Diabo
por um fauno. Eu adoro faunos, eu queria ser um. Minha carta preferida do tarô
é a da morte. Eu gosto da carta porque ela é incompreendida, ela significa
mudanças radicais, e não a morte em si. A visão humana da morte é algo que não
faz sentido, fazemos de tudo pra evitá-la, quando ela é inteiramente
inevitável. É um destino, é a única coisa de que temos certeza, deveríamos
vê-la melhor. Como os mexicanos, que a têm como uma santa. O I Ching eu conheci
na SuperInteressante. Aí pesquisei mais. Eu não tenho um hexagrama preferido,
mas eu gosto do trigrama do fogo, uma linha inteira no meio de duas partidas.
Ele me atrai, sem explicação. Então um hexagrama legal seria o de dois
trigramas do fogo.
Tô ficando apertado de novo. Eu queria muito ser um fauno.
Sério. Faunos são lindos, e o Pan é foda. Acho que eu poderia passar a
eternidade fazendo sexo com hordas de ninfas numa floresta, se pudesse ter
chifrinhos na testa, um flauta de bambu e ser um bode da cintura pra baixo. Não
tem um deus mais legal que ele na mitologia grega. Não sei a razão de gostar
tanto de faunos. Mas eu os adoro. Eu queria muito ser um. Assustar viajantes à
noite, sair por aí, cuidando da Natureza. Além das festas de Baco: vinho e orgias.
Eu beberia o vinho puro, sem água. Cansei de ser lúcido. Preciso de uma fase
bêbada.
Eu queria escrever um poema bêbado, ou drogado. Eu tenho
curiosidade de usar maconha e L.S.D. Principalmente este último. Acho que eu
usaria qualquer alucinógeno, é um tipo de droga por que eu me atraio. Eu me
atraio pelo onirismo, pela viajem, pela ilusão. Vênus e Netuno devem estar
profundamente conectados no meu mapa, eu acho. Eu gosto de sonhar acordado, de
inventar situações e ficções e miríades de estórias e contos. Eu sonho que sou
pessoas que não sou, e que sou pessoas que não são eu. E com os reflexos dos
meus eus. Existem dezenas de eus aqui dentro se degladiando, às vezes fica
insuportável. Eu invento mitologias, criaturas, demônios, amantes. Mas fica
tudo dentro da minha cabeça, nada sai de lá. Eu só uso uma droga: música. Mas
ela está perdendo o efeito. Uma coisa a menos pra ter necessidade, e isso é
bom.
Eu falei dos meus poemas? Eles falam sobre meus
sentimentos, certezas e incertezas. Não consigo me expressar direito, metáforas
são mais úteis quando quero falar algo, então lá vai poema. Gosto de arte.
Gosto da metáfora. De dizer sem dizer diretamente. Mas só literariamente, na
vida real é bom ser direto, e dizer as coisas na lata e ponto. Sem rodeios, sem
mentiras, sem coisas ditas pela metade. É bom ser sincero, é algo que eu sou
mais que qualquer outra coisa. Ou fui, não sei mais. Meus poemas não têm mais
falado sobre muita coisa, eu não tenho estado muito inspirado. Mas também não é
problema. Poemas são coisas esporádicas e aleatórias. Eles vêm hoje, aparecem
de novo daqui a meses, ou segundos. Voláteis. Mas eles vêm. É bom esperá-los.
Já são 04:11 da manhã. Acho que vou dormir, tô exausto. Que
texto mais enormoso! Será que alguém vai ter paciência de ler tudo isso? Acho
que eu mesmo não teria.
Hiperboloide
05/05/2014, 04:11